Novembro Azul: Câncer de próstata não é a única ameaça aos homens
Médico Leonardo Gomes: "O HPV torna o organismo mais vulnerável a outras doenças"
(Foto: Arquivo Pessoal)
Geralmente ligado ao câncer de colo de útero, o Papilomavírus humano (HPV) é um assunto que sempre gera alerta entre as mulheres. Porém, a temática também requer um olhar diferenciado dos homens para o vírus, responsável por registrar a cada ano 137 mil novos casos de infecção, segundo o Ministério da Saúde.
Estima-se que mais de 70% de parceiros de mulheres com infecção cervical por HPV são portadores do DNA do vírus, o que acende o alerta para a necessidade de prevenção. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelam que o câncer de pênis foi responsável pela morte de 396 homens nos últimos dois anos. Esse tipo de tumor está relacionado ao agravamento de casos de HPV. No Brasil, esse tipo patologia representa 2% de todos os tipos de câncer que acometem o homem, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste. Além do HPV, a má higiene íntima e a não remoção do prepúcio, pele que reveste a glande (cabeça do pênis), são alguns dos motivos que levam o homem a desenvolver o câncer, segundo especialistas.
De acordo com o urologista Leonardo Gomes, em ambos os sexos, o HPV torna o organismo mais vulnerável a outras doenças, inclusive à Aids. Nos homens, o vírus se manifesta clinicamente como lesões tipo “couve- flor”. “Sabe-se que os homens contribuem para a infecção nas mulheres. Por isso, o maior risco é o contágio, já que ele pode passar para a sua parceira um sorotipo que tem relação com o câncer. Porém, é bom lembrar que existem vários sorotipos para o HPV, uns que que são sugestivos aos câncer e outros não”, salientou. Normalmente, o HPV causa verrugas que podem variar de tamanho e cor. Mais recorrente por meio do sexo, quando surgem no homem elas aparecem de maneira mais recorrente no ânus ou na cabeça do pênis. Também pode surgir na garganta e na boca, após transmissão pelo sexo oral. O HPV em homens pode ser transmitido não apenas na presença de verrugas, mas também por meio das chamadas lesões planas, não visíveis a olho nu.
Apenas 5% contraíram o vírus por meio da contaminação das mãos, objetos, toalhas e roupas, conforme o MS. “Porém, teria que ser numa coincidência muito infeliz para contrair o vírus dessa forma. Por exemplo, a pessoa acabou de se levantar do vaso e você sentar imediatamente. As chances são muito mínimas, mas podem ocorrer, claro. Entretanto, o mais recorrente é pelo sexo e pelo canal do parto”, detalhou o especialista.
AUTOEXAME - O autoexame é simples: basta verificar minuciosamente a pele que reveste a cabeça do pênis, o prepúcio (dobra de duas camadas da pele e mucosa que cobre a glande do pênis) e também a região pubiana. Um espelho facilita a procura. Identificada a presença de alguma verruga, por menos que seja, o especialista alerta para a procura de um urologista. Por meio de um exame chamado peniscopia será feita a leitura para identificar se a lesão encontrada se trata de HPV. “É nesse exame que é colocado um corante e averiguada a lesão com um microscópio. Se (a lesão) for sugestiva de HPV, o líquido vai mudar para uma cor que chamamos de acetobranca”, detalhou Gomes. Para lesões consideradas pequenas, o tratamento é feito no consultório ou então na própria casa do paciente, por meio de ácido prescrito pelo médico. Já as lesões maiores, são tratadas por meio de cauterização, que é a queimagem, e o material é encaminhado para biópsia.
ACOMPANHAMENTO - Na maioria dos casos, a pessoa pode ter o HPV e não apresentar sintomas, já que muitos tipos são espontaneamente eliminados pelo corpo. Porém, Gomes alertou que o vírus pode ficar por anos no organismo sem nunca apresentar qualquer sintoma. Em alguns casos, o HPV provoca alterações nas células e essas causam as chamadas verrugas vulgares. O urologista salientou que, uma vez contraído o vírus, o tratamento tem que ser constante. “Não há cura para o vírus, mas sim controle. À medida que você erradica a lesão, não significa que está tudo bem. A pessoa, por portar o vírus, pode tornar a ter uma nova lesão após alguns meses. Por isso, a importância do acompanhamento ginecológico”, afirmou Gomes. Apesar de parecer clichê, ele deixou claro: o melhor método para evitar o contágio do HPV tanto em homens quanto mulheres é o uso constante de preservativos.
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