Associação das Mulheres Artesãs de Passira lançam loja virtual para aumentar vendas e manter tradição
Loja virtual de bordadeiras de Passira foi lançada com financiamento coletivo.
(Foto: Reprodução/ Bordados de Passira)
Artesãs que fazem bordado manual em Passira, Agreste pernambucano, encontraram uma forma de impulsionar as vendas e manter a tradição. Os produtos deixaram os pontos físicos e passaram para uma loja virtual. Com ajuda de pesquisadores, aproximadamente 40 bordadeiras da Associação das Mulheres Artesãs de Passira (AMAP) fizeram um financiamento coletivo e arrecadaram mais de R$ 34 mil.
A loja virtual foi criada em 2014 porque as bordadeiras estava com dificuldade para vender os produtos. "A procura na cidade caiu muito pois o bordado do Ceará entrou aqui e os turistas não conseguem identificar qual é o [bordado] manual e o da máquina. A gente estava praticamente sem vender nada. Com a loja online, o aumento foi de 70%, principalmente nas peças de vestuário", relata a vice-presidente da AMAP, Marcília Cristiane Firmino, de 35 anos.
A bordadeira Marcília Cristiane Firmino conta aprendeu o ofício quando tinha nove anos. Dona Lúcia Firmino, mãe dela e responsável por passar a tradição, destaca que as vendas pelas internet destacaram o processo de distribuição. "Não tem que sair de casa, gastar dinheiro. Para gente, foi de mão cheia. Além disso, as bordadeiras da associação fazem apenas o que é pedido. Antes sobrava e agora trabalhamos só com o que elas [as clientes] pedem", diz a artesã, que é presidente da associação.
As peças disponíveis no site de vendas procuram mostrar o estilo de vida da região. "Retratamos o bordado, a zona rural, para não deixar a cultura morrer", fala a filha de Dona Lúcia. Segundo ela, faltam bordadeiras para atender à demanda. "A não valorização da mão de obra faz com que os mais novos não tenham interesse".
Pesquisa
A ideia da loja virtual surgiu da mestre em Têxtil e Moda pela Universidade de São Paulo (USP) Ana Julia, de 28 anos. Ela pesquisa a relação entre o design de moda e o artesanato desde a graduação. "Quando entrei no mestrado na USP, comecei a procurar casos de contato entre a moda e o artesanato nordestino. Eu conheci o trabalho das artesãs de Passira em 2010, por conta da participação delas na São Paulo Fashion Week".
Na pesquisa, Ana Julia buscou entender a interação entre a moda a tradição artesanal brasileira. Após o estudo, a jovem ficou com vontade de contribuir com a comunidade de bordadeiras. "Pesquisei a produção do bordado manual por dois anos e sabia da riqueza daqueles produtos, mas também conheci de perto os problemas que as artesãs enfrentam. O produto artesanal não é apenas um produto, é a história de vida e de resistência de quem faz".
Nenhum comentário:
Postar um comentário