Desempregada cuida de 40 animais recolhidos das ruas de Caruaru, PE
Ex-cortadora de cana e analfabeta funcional cuida de 20 cães e 20 gatos.
'Prefiro ficar com fome do que deixar meus bichos sem comer', assegura.
Desempregada, doente, sem dinheiro e com quarenta bocas para alimentar. Esta é a realidade da diarista Maria dos Santos, de 50 anos, que mora em Caruaru, no Agreste pernambucano, e mantém em casa 20 gatos e 20 cachorros recolhidos da rua. Após um problema no útero, a ex-cortadora de cana e analfabeta funcional parou de trabalhar. Desde então - sem apoio do marido - a ração ficou escassa e as enfermidades dos animais deixaram de ser tratadas.
Para ela, a importância de cuidar dos animais é maior do que cuidar de si. “Eu prefiro ficar com fome do que deixar meus bichos sem comer, mas infelizmente, não tenho dinheiro para comprar ração. Eles gritam e latem muito com fome”, afirmou Maria. Ela disse que, a contragosto do marido, pega uma parte da aposentadoria dele para comprar R$ 30 de ração para todos os animais. Segundo ela, a quantia não é suficiente. “Como o dinheiro é pouco, faço cuscuz e uns pedacinhos de carne para eles, mas mesmo assim, ficam com fome”.
Pode estar com pulga, carrapato, não me importa, ele precisa de um lar."
Maria do Santos
Maria contou que o marido e os filhos não oferecem auxílio no cuidado com os animais dentro de casa. “Eles dizem para eu soltar os meus bichos, mas eu pego da rua, como vou abandonar?”. Ela afirmou que precisa de ajuda para manter os cães e gatos. A doença provoca dores no corpo, que a impedem de trabalhar. Quando cuidava da limpeza de algumas casas na cidade, a mulher lucrava por mês cerca de R$ 720 - e todo o dinheiro era destinado aos cuidados e alimentação dos animais. Segundo a diarista, enquanto trabalhava, os bichos eram bem alimentados e as feridas deles, cuidadas.
Depois disso, a situação ficou mais difícil. Muitos dos animais recolhidos têm doenças que precisam de tratamento; os gatos são os que apresentam mais enfermidades, de acordo com Maria. Os bichanos ficam soltos pela casa, que faz parte de um conjugado dividido em três moradias, cada uma de uma irmã. No quintal, a diarista construiu um canil improvisado com restos de madeira, para tentar abrigar os animais.
Apesar das dificuldades em manter os 40 animais, ela disse que se encontrar algum outro na rua, recolhe e leva para casa. “Em qualquer lugar eu pego. Pode estar com pulga, carrapato, não me importa, ele precisa de um lar. Hoje, meus bichinhos estão doentes, com catarro, e eu não tenho como curar, mas não abro mão de nenhum deles”. Ela afirmou que faz isso porque os animais “não tem saber e não falam pra dizer o que precisam”.
Maria contou que boa parte dos animais dorme no quarto dela e quando vai na rua, os gatos fazem fila para acompanhá-la. A diarista contou que o maior sonho dela é ter ração para alimentar os bichos. “Quero dar o que comer para eles todos dias, mas também quero construir um galpão para dividir um lado com cães e outro com gatos, porque vou poder ajudar mais bichinhos”.
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