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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Caixa, BNB e Banco do Brasil continuam paralisação
Servidores desses três bancos aguardam uma nova proposta da Fenaban para tentar dar fim ao impasse trabalhista







A partir de hoje, parte dos bancários pernambucanos já estarão de volta a seus postos de trabalho. Os funcionários dos bancos privados aceitaram a proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e decidiram acabar com a greve em assembleia realizada na noite de ontem, após 21 dias de paralisação. O acordo fechado inclui reajuste 10% sobre os salários, piso e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e aumento de 14% sobre os valores de refeição e alimentação.


No entanto, os trabalhadores dos bancos públicos, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste (BNB), não aceitaram os acordos oferecidos e deverão continuar com a paralisação. Agora, eles esperam uma nova proposta da Fenaban. “A proposta da Fenaban ainda não é ideal, mas vai garantir pelo menos a manutenção do poder de compra da categoria”, afirmou Suzineide Rodrigues, presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco (Bancários-PE), sindicato local. De acordo com ela, o sindicato continuará negociando até solucionar as pendências dos bancos públicos e mistos, lutando também pela contratação de novos funcionários.

A questão dos bancos públicos, segundo a dirigente, evolve outras questões. “Na Caixa, existe um déficit de 700 funcionários apenas em Pernambuco. O Banco do Brasil precisa de quase 300 novos servidores e o BNB, pelo menos 100. Enquanto esse quadro não é preenchido, os trabalhadores vão continuar sobrecarregados”, detalhou, explicando a persistência destes servidores em continuar a paralisação.

Suzineide destaca que, infelizmente, as negociações com os bancos públicos chegaram ao limite e que a avaliação do sindicato, seguindo o Comando Nacional dos Bancários, é de que este ano não foi possível avançar muito nas questões específicas dos bancários do BB e da Caixa. “As negociações com o BB e a Caixa foram muito complicadas, por conta da recessão econômica. Os dois bancos queriam retirar direitos e rebaixar os salários. Foi a força da greve que garantiu a manutenção do poder de compra dos bancários e de todos os direitos previstos no acordos do BB e da Caixa. A maioria dos bancários do país entenderam a orientação do Comando e encerram a greve. Mas Pernambuco decidiu continuar e o sindicato respeita a decisão da assembleia, que é soberana, e vamos manter a greve com toda força nos bancos públicos nesta terça (hoje)”, garantiu.

No Banco do Brasil, além dos pequenos avanços nas reivindicações específicas, os bancários garantiram na proposta a manutenção de todos os direitos, como o formato de pagamento semestral da PLR, que corresponde à distribuição linear de 4% do lucro líquido entre todos os trabalhadores, além dos módulos bônus e Fenaban. Na Caixa, a proposta de acordo específico garante a manutenção da PLR adicional de 4% do lucro distribuída igualmente entre todos os funcionários, a suspensão da terceira onda do programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP), fim dos 15 minutos de pausa para mulheres antecedendo a jornada extraordinária, retorno do adiantamento odontológico (a partir de janeiro de 2016), devolução dos dias descontados em mobilizações em defesa da Caixa 100% Pública e contra a terceirização, e promoção por mérito para 2017, no plano de carreira. 

A proposta específica de acordo com o Banco do Nordeste será avaliada em assembleia hoje, às 18h, na sede do sindicato. Até lá, os bancários do BNB continuam em greve. Em seguida, às 19h, o sindicato realiza assembleia com os funcionários do Banco do Brasil para avaliar se a greve continua ou não diante do quadro nacional de paralisação. Por fim, os bancários da Caixa se reúnem em assembleia às 19h30 também para decidir sobre a continuidade da greve. As três assembleias serão realizadas na sede do sindicato, na Avenida Manoel Borba, nº 564, na Boa Vista.

Na assembleia de ontem, os bancários também aprovaram o acordo com o Itaú Unibanco, que reajusta o valor da Participação Complementar nos Resultados (PCR) e amplia as bolsas de estudo e o acordo com o HSBC que garante uma gratificação de R$ 3 mil para os funcionários. 

Atendimento
A presidente do sindicato pontuou, ainda, que todos os clientes que procurarem as agências hoje deverão ser atendidos. “Vai ser um dia de filas, mas queremos atender todos que precisam. Quem não tiver urgência, vai na quarta-feira ou quinta-feira, que o movimento deverá ser menor, mas todos que entrarem hoje serão atendidos”, promete. 

Segundo o sindicato, novas assembleias com os funcionários dos bancos públicos serão realizadas na noite de hoje. Com a aprovação do acordo com a Fenaban para a renovação da Convenção Coletiva, os funcionários dos bancos privados voltam ao trabalho com reajuste de 10% para os salários, para a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e para o piso. Já os vales refeição e alimentação tiveram um reajuste histórico de 14%. Este valor representa 3,75% de ganho real e eleva o vale refeição dos R$ 26 atuais para R$ 29,64 por dia. A cesta-alimentação sobe de R$ 431,16 para R$ 491,52 por mês. 

Para Suzineide Rodrigues, os bancários estão de parabéns pela greve realizada este ano, considerada uma das mais fortes e mais longas da história recente da categoria em Pernambuco. “O resultado desta Campanha foi uma vitória para os bancários, que conseguiram quebrar a intransigência dos bancos. As negociações deste ano foram as mais difíceis da última década. Desde o início, os bancos tentaram retirar direitos e impor perdas salariais aos bancários apostando que, neste cenário de crise, a categoria não iria encarar uma greve. Mas mostramos aos bancos que seus funcionários são de luta. Não só entramos em greve, como construímos uma das mais fortes e longas paralisações da nossa história em Pernambuco”, ressaltou Suzineide.

Ela destacou que graças à mobilização dos bancários, a Fenaban se viu obrigada a melhorar a proposta inicial de 5,5% de reajuste salarial para 7,5% e, depois, para 8,75%. “Recusamos todas essas propostas, pois elas representavam perdas para os bancários, já que a inflação do período foi de 9,88%”, detalhou Suzineide. Na última sexta, finalmente os bancos fizeram uma proposta com reajuste que contempla as perdas inflacionárias: 10%.

“Os bancos não queriam, de jeito nenhum, recompor a inflação, dizendo que ela cairá no futuro e que a crise econômica deixava pouca margem para as negociações. Precisamos encarar três semanas de greve para garantir uma proposta que mantém o poder de compra dos bancários. Foi uma vitória, dentro de um cenário adverso, conquistada com muita luta, suor e greve”, explicou a dirigente. Com o reajuste deste ano somado ao aumento real conquistado nos últimos doze anos, os bancários acumularam 20,83% de ganho acima da inflação nos salários e 42,3% nos piso.

Para Suzineide, os debates realizados pelos bancários durante a assembleia foram muito importantes para a organização da luta da categoria. “A assembleia estava divida entre os que queriam a aprovação do acordo e os que queriam manter a greve, inclusive nos bancos privados. O sindicato seguiu a orientação do Comando Nacional dos Bancários e defendeu a aprovação do acordo, mas sempre deixando claro que quem dá a palavra final é a assembleia. No fim, a proposta da Fenaban foi aprovada”, afirmou Suzineide, que representa Pernambuco no Comando Nacional dos Bancários, que negocia com os bancos.

A presidenta reforçou que o acordo deste ano não foi tão bom como os que foram conquistados nos anos anteriores, mas que foi uma vitória, já que os bancários mantiveram seu poder de compra, não perderam direitos e ainda conseguiram avanços importantes, como a valorização dos vales refeição e alimentação. “O Sindicato tem a responsabilidade de não levar a categoria para aventuras que não sabemos onde vão parar. Sentimos que as negociações com a Fenaban chegaram ao limite, depois de 21 dias de greve, e orientamos a aceitação da proposta. Dentro da atual conjuntura econômica e política do país, podemos sim considerar esta campanha vitoriosa”, avaliou.

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