Um dos poucos homens a negociar diretamente com o narcotraficante colombiano Pablo Escobar na década de 1980 é pernambucano. Nascido em Olinda, Mário Sérgio Machado Nunes, 59 anos, comprava drogas do líder do Cartel de Medellín retratado no seriado Narcos e interpretado pelo ator Wagner Moura. O olindense, um dos traficantes mais procurados do Brasil e acusado de liderar uma quadrilha internacional de tráfico de drogas, foi preso em setembro.
O grupo criminoso liderado pelo pernambucano movimentava cerca de 20 milhões de dólares por mês, de acordo com a Polícia Federal. Desde 2013, Mário era procurado pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) depois de ter fugido de uma prisão em Cabo Verde, na África. Usando identidade falsa com o nome de Rogério Carvalho Braga, Mário foi preso pelo Departamento de Narcóticos de São Paulo (Denarc). “Ele não chegou a resistir à prisão, mas repetia que era um engano, dizendo que o nome dele era Rogério, mas já sabíamos quem ele era”, disse o delegado Carlos Batista, em entrevista à TV Clube/Record, que mostrou, domingo, imagens exclusivas da prisão.
Os membros da quadrilha chefiada por Mário haviam sido presos em 2012, na Operação Águas Profundas. Ele conseguiu escapar, mas acabou detido na África. Apesar de ter nascido em Pernambuco, a atuação do chefão do tráfico se concentrava em Goiás, onde morava até a operação da Polícia Federal. Desde 2013, residia no estado de São Paulo. Foi preso no Guarujá, litoral paulista. A Polícia Federal de Pernambuco não confirmou se o suspeito é alvo de investigação no estado, pois as informações sobre o traficante são sigilosas.
Mário era discreto, mas suas operações eram ousadas. A droga comprada pela quadrilha na Colômbia passava pelo Brasil e era exportada para 27 países, como Estados Unidos, Holanda, França e China. Ele chegou a investir R$ 80 milhões na construção de um submarino para transportar drogas. Com o meio de transporte, conseguiria levar de seis a dez toneladas de cocaína para outros continentes. A construção não foi finalizada.
Antes da desarticulação, a quadrilha transportava até uma tonelada por contêiner que saía do Porto de Santos, São Paulo. Funcionários do porto eram subornados, e lacres clonados eram usados para despistar fiscalizações. “Essa especialização da organização criminosa não permitia que os mecanismos de contenções fiscais e policiais conseguissem identificar que, no universo daquelas mercadorias legais, havia também droga”, enfatizou o delegado da Polícia Federal de Goiás, Umberto Ramos Rodrigues.
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