Óculos com GPS para cegos dá origem a negócio inovador em Pernambuco
O projeto acadêmico do grupo de estudantes do Recife, sem grandes pretensões comerciais, acabou por se transformar numa iniciativa inovadora
Um projeto acadêmico de um grupo de estudantes do Recife, sem grandes pretensões comerciais, acabou por se transformar numa iniciativa inovadora e comercialmente competitiva. A empreitada deu tão certo que fez de seus responsáveis os únicos brasileiros vencedores do World Summit Awards, prêmio oferecido pela ONU para jovens dispostos a aplicar a tecnologia para promover mudanças sociais.
Com o reconhecimento, os jovens desenvolvedores da PAW, sigla para Project Annuit Walk, têm nas mãos um protótipo que pode se tornar um produto competitivo: óculos acoplados com sistema de GPS e acompanhados de pulseiras vibratórias que ajudam os portadores de deficiência visual a se localizar diante dos muitos obstáculos da rua.
O modelo usa raios ultrassônicos para mapear o caminho em um ângulo de 120 graus e alertar para postes, andaimes, hidrantes ou mesmo declives especialmente acentuados. Os sinais de alerta são enviados para a pulseira, que vibra com mais intensidade quanto mais próximos estão os obstáculos, um sistema parecido com o usado pelos morcegos em seu sistema sofisticado de geolocalização.
Existem modelos parecidos no mercado, mas eles custam mais de R$ 3 mil. O grupo de Recife criou o seu por apenas R$ 45 – ou R$ 160, para os modelos mais sofisticados, que interagem com o aplicativo de smartphone desenvolvido pelos pesquisadores e que fornece informações complementares, como locais de difícil acessibilidade.
Tecnologia para vestir
“A princípio queríamos apenas estudar esse conceito de computadores para vestir que está tomando conta do mundo”, diz Marcos Antonio Oliveira, estudante de ciência da computação e criador do grupo de pesquisas, chamado WearIT. O óculos para cegos é o primeiro projeto pensado para dar conta da grande população de deficientes visuais. Para chegar ao produto, foi preciso reunir estudantes de engenharia, psicologia, design, marketing, administração e ciência da computação. Os trabalhos começaram no início de 2013.
O modelo atual, muito próximo do formato para comercialização, é apenas o sexto protótipo. No começo, o grupo pensou em um controle remoto, mas perceberam que ele ocuparia uma mão dos usuários, já ocupados com as bengalas-guia. Foi depois de um ano de estudos que o grupo percebeu que o óculos seria mais discreto e amigável, além de resolver uma demanda importante para este público: tecnologias que auxiliassem na proteção da parte superior do corpo.
“Nosso protótipo está funcionando 100%. Mas, para poder disponibilizar no mercado, ele tem que virar um produto. Estamos lutando para que isto aconteça o quanto antes”, afirma Oliveira. O próximo passo é desenvolver outras tecnologias para vestir que atendam a públicos portadores de deficiências. “Estamos começando a pensar em algo com ondas cerebrais, talvez para pessoas com paralisia cerebral”.
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