A aposentada Eleusina Gonçalves, de 68 anos, preparava um almoço em comemoração ao aniversário do companheiro dela, José Noé Vieira, de 69, quando foi surpreendida com uma pergunta: "Quer casar comigo?". O aposentado, que vive junto com a idosa há 48 anos, havia organizado um casamento surpresa para realizar o sonho da então companheira.
Residente em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, o idoso contou com a ajuda do filho Edson, que é pastor da Igreja Evangélica Assembleia da Graça de Deus, para preparar a cerimônia. "Ele disse ao nosso filho que no dia do aniversário dele de 69 anos queria se casar comigo. Meu filho preparou tudo: igreja, convidados, bolo... Eu não sabia de nada", disse dona Zina, como é mais conhecida, ao G1.
A aposentada contou como ficou ao ouvir o pedido de casamento. "Quase que eu morro de alegria. Chorei muito. Perguntei para quando era, e ele disse: 'É agora'. Meu filho falou que eu só tinha cinco minutos para me arrumar. Já não teve mais almoço, todos fomos nos preparar para o casamento. Até o vestido compraram para mim. Ficou tudo muito bonito. A felicidade agora é dobrada", ressaltou.
"Minha neta até queria me maquiar antes [para o almoço], mas eu não quis. Eu dizia que só ia me maquiar quando fosse me casar. E me casei naquele dia mesmo", Eleusina Gonçalves.
O casamento tanto no civil quanto no religioso foi no dia 22 de janeiro de 2018, no dia do aniversário de José Noé. Em maio deste ano, o casal completa 49 anos de união. "Temos seis filhos, todos já são casados, nove netos e um bisneto", contabilizou a aposentada.
Ao G1, ela revelou que o sonho de casar era antigo, mas o agora marido não queria, dizia a ela que "via muitos casais casando e se separando". No dia da cerimônia, famliares e amigos celebraram a união de dona Zina e seu Noé. O casal ainda seguiu a tradição e o noivo só viu a noiva de branco na igreja.
"Foi uma emoção muito grande. E eu ainda entrei na igreja com meu neto. Soube logo que não precisava de cardiologista", brincou a idosa, que revelou que o esposo é um homem muito tímido e não sabe como ele pensou em toda a surpresa.
"Esperei muito sentir essa felicidade, mas Deus me deu quando eu menos imaginava. Agora eu quero viver mais um pouquinho para aproveitar mais", Eleusina Gonçalves.
Dias antes do casamento ocorrer, dona Zina disse que conversou sobre o assunto com o marido. "Eu disse a ele que se ele morresse, eu ficaria triste, mas se eu morresse primeiro, ele iria ficar com remorso porque não tinha casado comigo", falou entre sorrisos.
Os preparativos
Apesar de ser tímido, José Noé conversou com o G1 e falou sobre como organizou tudo. "Eu sou um homem que não me importo muito com isso, mas ela me cobrava muito. Eu sempre dizia não. Quando ela parou de me pedir, eu resolvi casar, mas não queria que ninguém soubesse. No fim das contas foi muito bom", destacou.
"Se eu tivesse planejado tudo antes, eu estaria devendo ainda hoje. Mas fiz tudo muito rápido, deu certo e não fiquei devendo a ninguém", comemorou o aposentado.
Uma das netas do casal, Thallita Simone, soube da surpresa que o avô havia preparado três dias antes do casamento. Ela, junto com a mãe e um dos tios, comprou o vestido da noiva, as alianças e mandou fazer o buquê.
"O vestido eu iria comprar de outra cor, mas vi um branco que eu achei que ficaria muito bonito nela. Não precisou ajeitar. Ficou perfeito! Meu irmão, Luís Fernando, entrou com ela na igreja. Escolhemos Luís porque, dos netos, ela ama mais ele", brincou Thallita.
A artesã Elizângela Gonçalves é uma das filhas do casal. Ela também participou dos preparativos e revelou que há muito tempo tentava fazer com que o pai casasse com a mãe. "Mas ele só dizia que iria casar com 90 anos", falou.
Elizângela desconfiou desde o início da surpresa, mas acreditava que haveria o noivado antes do casamento. "Casar no mesmo dia do pedido também foi surpresa para mim. Foi emocionante! Vê-la realizando um sonho foi lindo para mim, como filha", disse.
Como se conheceram
Os pais de Eleusina e José moravam no mesmo sítio. Eles "nasceram e se criaram juntos", como a idosa gosta de lembrar. "Eu arrumei meu primeiro emprego, como doméstica, no Recife. Ele ficou aqui trabalhando como vaqueiro. Sempre nos falavamos por carta. A gente já namorava", recordou.
Aos 20 anos, a aposentada voltou para Caruaru. "Até hoje estamos juntos. Não nos casamos antes porque não pensávamos nisso. Trabalhávamos muito, eu tinha que cuidar do meu pai, que era muito doente. Depois já tínhamos filhos, e era a hora de pensar no casamento deles. Mas tudo foi no tempo certo".
Fonte: G1 Caruaru
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