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quarta-feira, 7 de junho de 2017

Leptospirose avança em Pernambuco


Em uma semana, os casos suspeitos de leptospirose no Estado subiram 15,5%. O número de mortes também subiu de um para três. A primeira foi em Igarassu e as duas últimas no bairro de Ouro Preto, Olinda. Entre os dias 28 de maio e 3 de junho foram registradas 126 notificações da doença, que é provocada pela urina de ratos infectados, contra 109 na semana anterior. Autoridades em saúde apontam que a alta é sazonal, já que a enfermidade está ligada à estação chuvosa. Contudo, o Estado alerta que uma possível explosão de casos, principalmente, nas áreas de enchentes é uma ameaça real, visto que muitas pessoas tiveram contato com as águas de inundações e lixo.

A situação da leptospirose na Mata Sul ainda não consta no relatório oficial da Secretaria Estadual de Saúde (SES), porque os sistemas de notificação online se perderam nas cheias. “Como é tudo via sistema e algumas cidades foram atingidas, os computadores também foram perdidos. Os dados da regional (de Palmares) não vieram ainda por conta desse problema. Quando ajeitarmos isso, provavelmente teremos um aumento de notificações nessas cidades também”, disse a coordenadora do Programa Estadual de Leptospirose, Raylene Medeiros.

Até então, a 3ª Gerencia de Saúde, que abrange cidades atingidas pela enxurrada, notificou apenas dois casos suspeitos. Os primeiros sintomas surgem entre sete a 14 dias após a contaminação, o que reforça a possibilidade de surtos pós-enchentes na Mata Sul. Para evitar o contágio, Raylene reforça a necessidade do uso de equipamentos de proteção, como botas.

Na falta de botas, é recomendado usar sapato fechado e amarrar saco plástico nas pernas. Em caso de contato com água suspeita, é preciso lavar a parte atingida com água e sabão e eliminar qualquer alimento que tenha sido molhado. 

A falta dessa proteção, aliada ao acúmulo de lixo e a grande infestação de roedores, levou à morte o jovem Lucas Rafael, 22 anos, em Olinda, no último dia 10 de maio. “Ele só andava descalço e tem muito rato por aqui, que é perto de mangue e canal. 

Depois que meu neto morreu fiquei sabendo aqui na vila de uns cinco casos de leptospirose também”, contou o avô da vítima, João Batista, 70 anos. Lucas começou a vomitar e apresentar muita fraqueza. Chegou a ser levado três vezes para o hospital, mas os diagnósticos iniciais eram de virose, dizem os familiares.

“Da ultima vez o médico descobriu que era essa doença e encaminhou ele correndo para a UTI do Miguel Arraes. Ele ainda ficou 14 dias, mas o caso era muito grave e ele morreu”, relembrou o avô. Além dele, outro homem, de idade ainda não confirmada, morreu na última semana. 

A secretária executiva de Saúde de Olinda, Zelma Pessoa, contou que até agora o município já registrou 22 casos suspeitos contra 41 no mesmo período do ano passado. Contudo, em 2016 não havia sido contabilizado nenhuma morte no mesmo período. As ações de controle já vêm se intensificando na cidade. “Assim que é feita a notificação ou a confirmação de casos, imediatamente as equipes fazem o bloqueio e iniciam ações de controle para aquela área”, afirmou.

Entre as medidas já tomadas, disse a secretária, estão a colocação de duas mil iscas para ratos, a disposição de dez quilos de pó raticida e distribuição de três mil panfletos. São áreas prioritárias para o combate à doença os bairros de Rio Doce, Águas Compridas, Jardim Brasil, Amaro Branco, Ouro Preto, Bultrins, Varadouro, V-8 e V-9, Canal da Malária e Ilha do Maruim.


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