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Vídeos online e o futuro da televisão…
Agência Estado
Hoje, o mundo todo assiste a mais de 1 bilhão de horas de vídeo todos os dias no YouTube, segundo o Google. É como se todos os 7 5 bilhões de habitantes da Terra tivessem uma cota diária de oito minutos de vídeos no serviço. Se a estatística considerar só os conectados – cerca de 3,4 bilhões de pessoas, segundo a União Internacional de Telecomunicações -, essa taxa salta para 17 minutos de vídeo por dia.
O serviço de streaming Netflix exibe séries e filmes por 116 milhões de horas todos os dias, enquanto a ferramenta de vídeo ao vivo do Facebook registra o consumo de mais 100 milhões de horas de vídeo diárias. As métricas das três empresas mostram o potencial da internet para o consumo de vídeos e como isso pode mudar profundamente nossa relação com a TV na próxima década.
Os números do vídeo online são tão impressionantes, que levaram Reed Hastings, presidente executivo da Netflix, a fazer uma previsão ousada. “Em dez ou 20 anos, 90% do que as pessoas vão assistir estará online”, disse ele na feira de tecnologia Mobile World Congress, realizada no fim de fevereiro em Barcelona, na Espanha.
Conectado
Nos Estados Unidos, há anos se discute um fenômeno chamado “cord cutter” (cortar o cabo, em tradução literal), que dá nome a um tipo de usuário que deixa de pagar pela TV por assinatura para assistir a vídeos apenas pela internet, seja em sites gratuitos, como o YouTube, ou serviços de streaming, como Netflix. Controverso, o conceito pode ganhar força com um novo tipo de serviço, oferecido por grupos como a operadora AT? apenas 26%, por sua vez, gastam com vídeo por demanda. “Para a maioria dos telespectadores, serviços tradicionais e vídeo online não são mutuamente excludentes, mas complementares”, diz José Calazans, consultor da Nielsen.
O mesmo estudo da Nielsen, porém, revela que um terço dos assinantes de TV paga pensa em trocar o serviço para apenas ver vídeos pela web. Essa fatia cresce entre os usuários de 15 a 20 anos (40%) e millennials (38%, de 21 a 34 anos), mas bem menor entre espectadores mais velhos – 15% entre usuários entre 50 e 64 anos e apenas 9% para quem tem mais de 65 anos. A intenção não se reverte, necessariamente, no fim da assinatura. Ainda assim, a disparidade impressiona.
“O jovem de hoje não entende o que é grade de programação. A criança simplesmente acessa o que quer ver no Netflix ou no YouTube”, explica Fábia Juliasz, diretora de medição da Kantar Ibope Media.
Hoje, esse público sintoniza o que pode ver de graça na web ou o pacote de TV paga dos pais. Em dez anos, não é difícil imaginar que poucos deles pagarão por TV por assinatura tradicional, mas poderão assinar serviço de vídeo pela internet. Nos EUA, esse grupo já ganhou nome: “cord never” – em tradução literal, “cabo, nunca”.
Algoritmo
Para os analistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, a forma de transmissão será menos importante que o conteúdo. “Hoje a melhor tela para assistir vídeo é a que está mais perto”, diz José Calazans, da Nielsen.
O que o YouTube tem hoje parece uma boa prévia do futuro: uma biblioteca enorme de vídeos, que pode ser explorada via busca ou por meio da recomendação de algoritmos capazes de aprender com as preferências do espectador.
Nos próximos anos, cada pessoa será seu próprio programador de TV: elas vão montar uma sequência de vídeos personalizada, sem obedecer a uma estrutura generalista. “Ainda vai demorar um tempo, mas o consumidor é quem vai ditar as regras”, diz Mauro Garcia, da Bravi. (O Estado de S. Paulo)
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