(Foto: Paullo allmeida/Arquivo Folha)
Mesmo estando entre as dez primeiras smart cities do Brasil, Recife ainda tem muito que melhorar. É o que acredita o coordenador de inovação e conteúdo da Urban Systems - consultoria que elaborou o mapeamento das cidades mais inteligentes e conectadas do País, Willian Rigon. A capital pernambucana é a única cidade nordestina a estar no “top 10” e conquistou o nono lugar nessa lista - a qual prioriza tecnologia como critério de avaliação, assim como meio ambiente e sustentabilidade.
Do ano passado para cá, o Recife subiu uma colocação. Para o consultor de tendências do Porto Digital, Jacques Barcia, o parque tecnológico foi um ponto de destaque, e que impulsionou o Recife, tendo em vista que há impacto na Cidade inteira, a partir do Bairro do Recife. Sua localização se torna um laboratório para soluções urbanas. “Como é o caso das bicicletas e carros compartilhados e os sistemas de monitoramento de tráfego”, exemplifica. “No mais, o nosso foco é melhorar a realidade da Cidade”, conclui.
Já na visão de Willian Rigo a melhoria na colocação se deve mais pela troca de indicadores da pesquisa - que significa mudança nos critérios avaliativos, do que propriamente em uma melhora tecnológica no Recife. Isso porque, a Urban Systems avalia que mesmo o Porto Digital sendo um centro importante nas áreas de Tecnologia da Informação (TI), empreendedorismo e, ainda, com reflexos na educação; os retornos financeiros da empreitada não foram suficientes para que - através de uma boa governança - houvesse investimentos refletindo sobre outros setores.
Sendo assim, Rigo enumerou pontos em que a Cidade ainda precisa melhorar. Dentre eles estão mais investimentos em transportes alternativos, como metrôs, trens, ciclovias e mais conectividade com o aeroporto (mobilidade); pavimentação de vias (urbanismo); aumento do abastecimento de água e esgoto (meio ambiente); redução dos índices de homicídio e acidentes de trânsito (segurança); e atração de empresas para o município, a fim de gerar mais empregos e investir nos setores turísticos, serviços, tecnologia e novos clusters.
Jacques Barcia retruca. Para ele, o resultado da pesquisa em que o Recife aparece em nono lugar é bom, mas o conceito smart city é engessado e, na prática, “funciona apenas como um título de marketing e não algo que, necessariamente, interfira positivamente na vida das pessoas”. “Podíamos estar melhor, claro. Entretanto, o conceito passa muito por infraestrutura, câmera, central de comando e controle. Não tem como competir com Rio de Janeiro e São Paulo nesse quesito”, afirma.
A maior concentração de smart cities está no Sudeste, onde estão os dois primeiros lugares: São Paulo e Rio de Janeiro. No entanto, o destaque foi para Curitiba, que subiu oito posições de 2015 para 2016. O motivo justificado pelo coordenador Rigon é que as cidades do Sudeste apresentam um desenvolvimento econômico mais forte do que de outras regiões. “Note que para a cidade ser inteligente (no conceito do estudo) é preciso que ela possua bons indicadores de saúde, educação, meio ambiente, saneamento, mobilidade, etc. Sem desenvolvimento econômico, não há como as prefeituras investirem em melhorias e tampouco a população se instruir e buscar melhores condições de vida” comenta.
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