A presidente Dilma Rousseff vem a Pernambuco nesta sexta-feira (06), no mesmo dia em que a Comissão Especial de Impeachment votará o parecer do relator Antonio Anastasia (PSDB-MG) no Senado. Dilma quer vir à terra natal do ex-presidente Lula e demostrar à militância que não desistiu de lutar pelo próprio mandato, embora seus aliados mais próximos estejam assistindo à montagem do novo governo de Michel Temer (PMDB-SP). Ela fará uma visita técnica ao Eixo Norte da Transposição do São Francisco, no município de Cabrobó. O PT estadual, contudo, espera que ela se pronuncie em discurso e faça uma visita mais demorada. “Queremos nos organizar, mas ainda não confirmamos a agenda”, disse o presidente da sigla petista, Bruno Ribeiro.
A vinda a Pernambuco nesse momento, que pode ser a reta final de seu governo, é simbólica. Em termos proporcionais, o estado deu uma das maiores votações a Dilma no segundo turno de 2014 - 3,4 milhões de votos, contra 1,4 milhão do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Mas o mesmo estado também teve um papel único no último dia 17 de abril, quando 18 dos 25 deputados federais votaram a favor do seu afastamento na Câmara dos Deputados. Na ocasião, Bruno Araújo (PSDB), que já foi líder da minoria, foi o 342º voto que garantiu a aprovação do impeachment. O número, que não é redondo, foi suficiente para aprovar o início do processo de afastamento da presidente, que está em andamento rápido no Senado. A votação geral ultrapassou os dois terços de votos desejados pela oposição. Terminou com 367 votos a favor, 137 contra e sete abstenções.
A visita ao Sertão pernambucano também é estratégica. Apesar de estar atrasada, a obra de transposição é considerada como uma das meninas dos olhos do governo petista. Em 14 de abril de 2014, enquanto o ex-governador Eduardo Campos (PSB) estava lançando a pré-candidatura em Brasília, ao lado de Marina Silva, Dilma inaugurou, em Serra Talhada, a primeira etapa da adutora do Pajeú, e o navio Dragão do Mar, em Suape.
Dilma quer vir ao estado para enfrentar, de forma indireta, os seus oponentes. Nesse momento, há três deputados federais pernambucanos sendo cotados para o eventual governo Temer - Mendonça Filho (DEM), Raul Jungmann (PPS) e Augusto Coutinho (SD). Os três são lideranças chaves, respectivamente, do DEM, do PPS e do Solidariedade, partidos que lhe fizeram oposição e que voltam ao poder com o seu afastamento. Nomes como os de Fernando Filho (PSB) e de Bruno Araújo (PSDB) também estão sendo cogitados.
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