Petrobrás descarta novo reajuste no preço combustível este ano
O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, descartou que a gasolina e o óleo diesel tenham um novo reajuste de preço neste ano. Desde janeiro, o Governo autorizou dois aumentos dos valores ao consumidor, na contramão do que ocorreu no ano passado, quando a gestão Dilma Rousseff (PT) freou os reajustes sob a alegação de que era necessário conter a inflação nas vésperas de um período eleitoral.
A informação foi dada por Bendine durante uma audiência pública conjunta das Comissões de Assuntos Econômicos e de Infraestrutura do Senado. Na ocasião, o dirigente afirmou que o valor do combustível no Brasil é justo e de mercado. “O atual preço, é baseado nos custos mais um percentual de ganho, seguindo a lei de mercado”, afirmou. Segundo um levantamento do site Global Petrol Prices, que analisa os valores do combustível em 163 países, em abril, o combustível brasileiro foi o 78º mais caro do mundo.
Respondendo aos questionamentos dos senadores, Bendine ressaltou que a empresa precisaria de cinco anos para sanar suas dívidas. Só no ano passado, a petroleira teve 21 bilhões de reais em débitos, sendo 6,2 bilhões de reais referentes à perda para a corrupção. “Nossa meta é reduzir esse prazo para dois anos e meio. Mas não vamos conseguir isso rapidamente”, ressaltou Bendine.
Uma das razões para as perdas, segundo o executivo, foi à queda do preço do barril do petróleo que custava mais de cem dólares e já chegou aos 40 dólares. A estimativa do órgão é que neste ano o valor suba para 60 dólares e, no ano que vem, para 70 dólares.
Para tentar reaver essas perdas, a Petrobras tomará ao menos duas medidas imediatas: vender alguns ativos e frear os investimentos em refinarias que estão em estágio inicial ou que as obras ainda não iniciaram. Nessa segunda situação estão refinarias no Ceará, Rio Grande do Norte e Amazonas. Outras como o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e a Refinaria Abreu e Lima serão concluídas, mesmo após denúncias de irregularidades. Essas duas obras estariam entre as que houve, conforme o Ministério Público, o pagamento de propina a diretores e políticos flagrados pela operação Lava Jato.
Senadores irritados
O anúncio de paralisação desagradou os senadores que participaram da audiência. Ao menos sete deles reclamaram que em seus Estados havia promessas de investimento que foram paralisadas desde o início da Lava Jato ou não chegaram a ser iniciadas. Isso mostra que a Petrobras conseguiu agradar o mercado financeiro, com a divulgação de seus planos e de seu balanço na semana passada, mas desagradou a classe política, que esperava poder anunciar novos empregos e investimentos em suas bases eleitorais.
Sobre as vendas, Bendine que não poderia discriminar os ativos que serão desfeitos, “por razão concorrencial”. Porém disse que a empresa pretende se desfazer de alguns campos de exploração de petróleo que estejam próximo ao abandono. “São aqueles que a produtividade passa a não ter uma relação custo benefício adequado para nós, mas para outras empresas teria”. Como exemplo, citou um campo da bacia austral na Argentina que foi vendido recentemente por cerca de 100 milhões de dólares. O senador Ricardo Ferraço (PSB-ES) criticou essa medida dizendo que esse desinvestimento é, na verdade, um processo de privatização da Petrobras. Bendine disse que essas vendas são algo comum em uma empresa do setor de óleo e gás do porte da estatal brasileira.
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