Pife no São João é 'trazer o que ficou perdido', afirma músico em Caruaru
Anderson e a 'Zé do Estado' abriram os shows de Nando, Elba e Magníficos.
Até turistas estrangeiros curtiram a 1ª noite da festa, que segue até dia 29.
Espécie de flauta, o pífano é tão importante em algumas partes do Nordeste quanto a sanfona, e o sopro está para Anderson do Pife como as teclas estão para Luiz Gonzaga, apesar da pouca valorização dada ao primeiro instrumento. Por isso, junto à Banda de Pífanos Zé do Estado, o músico topou o resgate artístico para abrir o "Maior e Melhor São João do Mundo", em Caruaru, Agreste pernambucano, na noite de sábado (30).
A reapresentação do pífano "é trazer novamente o que ficou perdido no espaço, é mostrar que ainda temos isso. Inclusive, o nome do show é 'Ainda tem disso aqui'", destaca Anderson, líder do grupo, que nasceu na famosa feira local. Ele acredita que estão "dando a oportunidade de Caruaru receber quem vem de fora com o que de melhor existe nessa cidade, que é a cultura popular". "Foi a realização de um sonho abrir o São João de Caruaru. Traz para mim a oportunidade de saber que não é impossível conseguir as coisas e que é muito simples quando temos verdade e amor pelo que fazemos", comemorou.
Na sequência, subiram ao palco Nando Cordel, Elba Ramalho e a Banda Magníficos. Segundo a prefeitura, a Polícia Militar estima que aproximadamente 70 mil forrozeiros curtiram os shows no Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, entre sábado e o início deste domingo (31).
'De tudo que há no mundo'
Na Feira de Caruaru, onde foi originada a banda da abertura, tem "de tudo que há no mundo", como diz a música de Onildo Almeida. E no Pátio de Evento não poderia ser diferente: era possível encontrar gente de todo lugar, inclusive da Terra da Rainha, a Inglaterra. Como a professora Michelle Beare, que veio de Cambridge e está pela primeira vez na Capital do Forró. "E é minha primeira vez no São João. Estou adorando muito. Eu já conhecia o forró, mas não desse jeito. Infelizmente só participarei esta noite, mas pretendo voltar. É muito bom", acrescenta a educadora.
O pernambucano Nando Cordel subiu ao palco com muito romantismo e cantou os seus maiores sucessos, entre eles "Gostoso demais" e "Você endoideceu meu coração". Após o show, ele estava emocionado com o que havia vivenciado. "Eu fiquei muito feliz com o público cantando. Me senti honrado. Eu nunca tinha recebido tanto carinho do público como hoje", diz agradecido o cantor.
A terceira atração da noite foi Elba Ramalho, que misturou antigos sucessos com o que chama de "forrock". Veterana em aberturas, ela sacudiu a multidão. "É uma honra abrir o São João. Me sinto muito privilegiada e acarinhada. É uma homenagem sempre. Já fiz isso algumas vezes e acho que não decepciono, sei fazer muito bem", enfatiza. A paraibana também cantou durante a tradicional queima de fogos - iniciada pontualmente à meia-noite - a música "Olha pro céu", de Luiz Gonzaga e José Fernandes.
Os casal Edvaldo Andrade, de 69 anos, e Maria do Socorro, 52 anos, veio de Maceió (AL) para passar férias em Caruaru. Esta é quinta vez que eles participam do evento. "O melhor forró é aqui. Não tem coisa melhor no mundo. Até quando eu viver, eu virei pra cá", diz o turista. Já para a esposa, a festa tem um gosto especial. "É fantástico. Esse resgate da cultura é maravilhoso. Caruaru está de parabéns. Viemos para o São João celebrar os 45 anos de casados dançando forró", pontua.
A abertura foi encerrada ao som de Magníficos, que, na turnê em comemoração aos 20 anos de carreira, mistura músicas já conhecidas dos forrozeiros com as novas. A banda tocou sucessos como "É chamego ou xaveco?" e "Carta branca".
Com o tema "100 anos de artes figurativas", o São João de Caruaru homenageia o músico Heleno dos 8 Baixos, o ceramista mestre Manuel Eudócio e o ex-governador Eduardo Campos (in memoriam). A festa só terminará no dia 29 de junho. A programação completa deste e de outros municípios estão na página especial.
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