Jeep inaugura fábrica que deve gerar 9 mil empregos até o fim do ano, em PE
Presidente Dilma Rousseff descerra a placa que marca a inauguração da fábrica Jeep em Goiana, PE. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
O grupo Fiat Chrysler inaugurou nesta terça-feira (28) a fábrica da marca Jeep em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. A presidente Dilma Rousseff participou da cerimônia oficial de inauguração, mas a produção local começou em fevereiro, com o SUV Renegade, que já está nas lojas. O local deverá gerar, até o final do ano, 9 mil empregos diretos e indiretos. A presidente descerrou a placa no setor de montagem dos carros. Também participaram da cerimônia o governador Paulo Câmara, o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, e o senador Humberto Costa.
Essa é a primeira unidade fabril inaugurada depois da fusão global entre a italiana Fiat e a americana Chrysler, concluída em 2014 e que deu origem à FCA. "Pernambuco foi a mais complexa fábrica que já fizemos. Principalmente pela nossa busca por ter pessoas da região trabalhando com a gente", afirmou Stefan Ketter, vice-presidente mundial de Manufatura da FCA.
Atualmente, há 5,3 mil pessoas trabalhando na nova planta e no parque de fornecedores, sendo 78% pernambucanos e 82% nordestinos. Segundo o grupo, a expectativa é de que, até o final do ano, o volume chegue a 3,3 mil pessoas empregadas na fábrica, 4,9 mil no parque de fornecedores e 850 em serviços gerais.
Segundo o grupo, o Renegade produzido em Goiana conta com mais de 70% de componentes nacionais: 40% vêm de fornecedores do entorno da fábrica.
A capacidade de produção é de 250 mil carros por ano, pico que só deve ser atingido no meio do ano que vem, quando 11 mil pessoas devem estar trabalhando em função da Jeep. A marca ainda não divulgou que outros modelos, além do Renegade, serão produzidos
ali.
Dilma e o governador Paulo Câmara dentro do Renegade, único modelo produzido na unidade. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Ensinando o trabalho
Como muitos funcionários não tinham experiência no setor, foi montanda uma "mini planta", onde os profissionais são treinados.
“Quando qualquer um de nós abre uma empresa, busca uma pessoa com experiência no setor. Mas assim você não gera tanta mudança social. Quando tira a (exigência de) experiência prévia, você permite que pessoas que trabalhavam em outros setores possam migrar. Buscamos o perfil comportamental, mais do que competências”, explica o diretor de Recursos Humanos para o Polo Automotivo Jeep, Adauto Duarte.
Expectativa é que o empreendimento esteja com 9 mil trabalhadores até o fim de 2015.
(Foto: Divulgação / FCA)
Mulheres
Através da identificação de perfil, a própria fábrica, em parceria com escolas técnicas, Serviço S e os governos federal e estadual, buscou capacitar a população. Foram feitas parcerias com oito instituições de ensino para oferecer qualificação voltada para o setor automotivo.
Além de uma maioria de moradores do entorno da fábrica, a empresa buscou trazer mulheres para compor o quadro de pessoal – 18% do efetivo atual é feminino.
A área da fábrica é de 260 mil metros quadrados. Junto dela fica o parque de fornecedores, que abriga 16 empresas em uma área 270 mil metros quadrados.
O início da construção foi em fevereiro de 2012, com a fabricação do primeiro veículo para venda tendo ocorrido 1 ano depois.
Construído de maneira modular, o layout da fábrica permite que ela seja ampliada de acordo com a demanda. "Temos capacidade de aumentar essa capacidade produtiva, para até 600 mil carros por anos. Essa é a planta mais avançada da FCA", afirma o diretor de Engenharia de Manufatura da Jeep em Pernambuco, Denny Monti.
700 robôs
A fábrica em Goiana conta com 700 robôs, além de uma série de investimentos em tecnologia e também em ergonomia. Os carros, antes de estarem com as rodas, ficam suspensos em espécies de garras, nas quais eles podem girar e facilitar o trabalho dos funcionários.
O empreendimento foi pensado para economizar energia e já faz alguns testes para utilização de energia solar. “No Brasil, a energia solar ainda é um item caro. Na área de prensas, já temos placas de energia solar. No processo automotivo, essa planta já é uma das mais econômicas em energia”, aponta a gestora de Comunicação e Sustentabilidade, Rosangela Coelho.
Planta da Jeep foi pensada para gastar pouca energia e facilitar trabalho do funcionário.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
A fábrica conta com duas linhas de prensas vindas do Japão. “São prensas de classe mundial, com 18 golpes por minuto. É muito rápida e automatizada. Graças a esse equipamento, podemos mudar em 4 minutos os moldes. Podemos, a cada quatro minutos, mudar nossa produção”, explica Denny Monti.
O empreendimento conta com um centro de componentes, também conhecido por área de metrologia. “Medimos sim as partes, mas também envolvemos nesse exercício todos os nossos fornecedores para melhorar continuamente a qualidade das peças”, detalha Monti.
Os robôs, presentes nos diversos setores, dão agilidade ao trabalho. Um dos exemplos são os braços mecânicos responsáveis por colocar a cola nos vidros, verificarem a situação da cola e em seguida aplicarem os vidros no carro correspondente. “Podemos produzir quatro modelos ao mesmo tempo na funilaria”, explica o diretor de Engenharia, destacando ainda que a solda também é feita no mesmo local por robôs.
Pintura
Outra inovação está na pintura, que deixa agora de lado o primer, produto químico que era utilizado para garantir uma melhor fixação da tinta. “Pela primeira vez estamos aplicando o ciclo compacto. Sem o primer, a vantagem é que a linha fica mais curta, consumimos menos energia e temos menos emissões de resíduos. Trata-se de uma solução 'verde'”, aponta Monti.
O diretor do parque de fornecedores, Alfredo Fernandez, destaca ainda que o layout da fábrica e do parque facilita a chegada dos materiais necessários na linha de produção. “Com esse modelo, temos uma área maior de integração dos fornecedores com a planta. Temos a criação e o compartilhamento de conhecimento e um processo de confiança mútua”, afirma Fernandez.
Sustentabilidade
A fábrica recicla e reusa 98% da água utilizada no processo industrial e pretende instalar um laboratório próprio para analisar a qualidade dos efluentes. O empreendimento investe ainda no replantio de espécies nativas da Mata Atlântica, que vão ocupar o jardim. “Já plantamos 38 mil mudas e vamos ter um viveiro aqui dentro. A cada três meses, teremos 25 mil mudas”, aponta Rosângela Coelho.
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