A crise que levou à redução drástica nas vendas e na produção de veículos no Brasil provocou o fechamento, de 2014 até agora, de 31 mil vagas nas montadoras, onde normalmente os empregos são considerados de melhor qualidade. Na rasteira, foram demitidos mais de 50 mil trabalhadores nas autopeças e mais de 124 mil nas concessionárias, numa conta que supera 200 mil cortes.
Os números vão seguir em alta, pois ainda há ajustes a serem feitos em algumas fábricas, como as de Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR), onde a Volkswagen deve seguir o mesmo procedimento realizado na unidade do ABC paulista, com abertura de programa de demissão voluntária (PDV), que atraiu pelo menos 1,2 mil funcionários nos últimos dias.
Na Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP), 1.047 trabalhadores se inscreveram em um PDV nas duas últimas semanas, após a montadora oferecer R$ 100 mil como incentivo, além dos direitos da rescisão. Apesar disso, a empresa não obteve as 1,4 mil adesões que esperava e, por isso, demitiu mais 370 funcionários.
Alguns trabalhadores aderiram ao programa por não verem mais o futuro que esperavam no setor, até pouco tempo muito cobiçado. "O ambiente atual é de muita pressão", diz Gustavo, funcionário da Mercedes há cinco anos que pediu para não ter o sobrenome divulgado, por questão de segurança.
Ele vai aproveitar o salário extra e a rescisão para quitar as prestações do apartamento em Santo André (SP), onde mora com a esposa, que trabalha numa administradora de condomínios, e a enteada, de 12 anos. "Com isso, me livro da maior dívida que tenho."
Nenhum comentário:
Postar um comentário