A tradicional compra de material escolar assombra os pais com filhos em idade escolar todo início de ano. Além da lista fornecida pelas escolas, os gastos das famílias ainda incluem a taxa de matrícula, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Mas é possível contemplar os pedidos das escolas, a vontade das crianças e ainda economizar? Saiba que sim.; Confira 11 dicas:
1 – Faça contas e planeje seu orçamento
Independentemente da forma de pagamento usada na compra do material escolar, à vista ou parcelado, é fundamental entender o valor da quantia que será gasta, segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos. “Agora é um bom momento para fazer uma análise do seu próprio orçamento e ter uma primeira noção. É preciso saber o quanto custa antes de sair comprando.”
Pagar à vista é preferencial até para angariar mais desconto, mas como nem sempre é possível, o importante é planejar o valor da prestação que pode ser assumida para não “corromper” o orçamento, de acordo com Domingos.
2 – Pesquise os preços em pelo menos três lojas
A internet é uma grande fonte de consulta de preços e o tempo, um aliado. A sugestão do educador financeiro é usar a internet como base de pesquisa, mas não deixar de consultar as lojas físicas. É nelas, aliás, que é possível negociar mais descontos, diferente das compras on-line. O ideal é ter pelo menos três orçamentos.
Ele lembra que muitas vezes é vantajoso sair da região onde mora em busca de melhores preços. “É possível encontrar uma diferença de preço de 10% a 50%, se lembrarmos que a poupança paga 5% de rendimento ao ano, esta economia representa muito dinheiro.”
3 – Antecipe as compras
Quem puder antecipar as compras de material escolar para dezembro e aproveitar esta “entressafra” pode ser dar bem, segundo Domingos. Ele lembra que nesta época o foco são os presentes de Natal e ainda é possível encontrar itens escolares em promoção. Na “safra”, ou seja no início do ano, eles costumam ser mais caros. Além disso é possível utilizar parte do décimo terceiro para adquirir estes produtos.
Nem todas as escolas já forneceram as listas do material necessário, porém os pais já sabem que há itens invariáveis como cadernos, lápis, borrachas etc.
4 – Analise a lista fornecida pela escola
A escola pode fornecer a lista de materiais que será usada ao longo do ano, mas não pode exigir que ela seja comprada na própria unidade. O consumidor tem o direito de comprar onde desejar. Também fica proibida a exigência de qualquer produto de uma determinada marca. Segundo Igor Marchetti, advogado do Idec, isto confira venda casada o que é proibido por lei e fere o direito do consumidor.
Marchetti reforça que é preciso avaliar se a lista traz itens para o uso coletivo da escola, o que é proibido e deve ser questionado.
Outro ponto que deve ser motivo de alerta é a quantidade dos itens solicitados como papel sulfite, cartão e EVA, por exemplo, que não pode ultrapassar o que deve ser usado no ano. É comum aparecerem quantidades exorbitantes, como mil folhas de papel sulfite por criança. “A escola pode definir um parâmetro, acaba valendo o bom senso, mas os pais podem pedir esclarecimento para justificar esta quantia”, diz o advogado.
5 – Compre os livros didáticos direto nas editoras
A bacharel em direito Ariadne Rolim mora em Petrolina (PE) e faz de tudo para economizar na compra dos livros didáticos dos filhos. Como os dois mais velhos de oito e quatro anos estão no primeiro ciclo do ensino fundamental e na educação infantil, a quantidade de livros didáticos é muito grande. Além disso, para ela, comprá-los usados é quase impossível porque as crianças riscam as páginas e os professores carimbam e fazem anotações.
A dica dela é procurar as editoras das obras pesquisando na internet, pois às vezes elas vendem direto para o consumidor o que diminui muito os custos. Quando não é possível, Ariadne pesquisa nas lojas on-line e compara os preços. Na hora de fechar a compra, é fundamental avaliar se o valor do frete compensa. Neste ano, a pernambucana comprou dez livros e conseguiu economizar pelo menos R$ 500 reais dessa forma.
6 – Troque ou tente adquirir itens usados
Na hora de comprar os livros paradidáticos, como os de leitura, por exemplo, Ariadne costuma acionar as redes sociais para vender e comprar itens usados. Ela fotografa os livros dos filhos que estão em bom estado que não serão mais usados e anuncia nas redes. Também aproveita para adquirir os que eles vão precisar utilizar no próximo ano letivo.
Ela criou um grupo de facebook para troca e venda em Petrolina (PE). Segundo Ariadne, nesta rede um livro novo que custa R$ 50 pode ser encontrado por R$ 15.
O advogado Igor Marchetti lembra que a escola não pode exigir que o aluno use um livro novo. Entretanto pode indicar os anos das edições aceitáveis justificando que antes desse período pode haver uma desatualização.
7 – Fuja dos produtos licenciados e itens ‘fofinhos’ de papelaria
Esta é uma das armadilhas que encarecem a lista, por isso levar as crianças na hora da compra é completamente desaconselhado. As papelarias estão recheadas de itens com temas de todos os personagens que enlouquecem a criançada.
“A grande sacada é não se render aos apelos de coisas fofinhas. Eu optei pelo basicão que são os cadernos pautados de capa dura. Enquanto um caderno simples custa R$ 6, o de personagem vai custar R$ 20”, conta Ariadne. Ela fez a arte das etiquetas no computador e imprimiu em uma gráfica rápida para identificar os materiais. “Fica barato porque a gráfica cobra por folha e não por adesivo.”
Para agradar os filhos, a pernambucana comprou um caderno sem pauta com a capa de personagem para que eles pudessem desenhar em casa.
8 – Comprar em maior quantidade pode gerar mais desconto
Para tentar baratear a compra neste ano, Ariadne comprou material em grande quantidade. Calculou o gasto para o ano todo de itens como borracha e lapiseira, por exemplo, que estragam e se perdem. “Às vezes sobra, e guardo pro ano seguinte. Pago à vista e peço mais desconto. 10% ou 20% parece pouco, mas quando você vê no final no valor total faz diferença.”
9 – Deixe itens mais caros para o meio do ano
Itens mais caros como as mochilas por exemplo que não podem ser reaproveitados de um ano para outro, podem ser comprados mais para frente no segundo semestre do ano. Ariadne costuma acompanhar as promoções que aparecem depois do início do ano letivo. Chegou a comprar kits com mochilas e lancheiras por metade do preço.
10 – Proponha iniciativas na escola
Algumas escolas como o Colégio Albert Sabin, em São Paulo, têm iniciativas de troca e venda entre os pais dos alunos. Lá, pelo terceiro ano consecutivo, as famílias vão se encontrar para fazer o escambo no projeto chamado Gira Gira.
As famílias doam livros didáticos, paradidáticos e uniformes em bom estado e recebem fichas que podem ser trocadas no dia do eventos pelos mesmos itens (uniforme por uniforme e livro por livro). As pessoas que não possuem as fichas podem comprar os livros e uniformes no dia do evento a baixo custo.
11 – Faça uma poupança durante o ano
Pagar à vista rende cerca de 10% de desconto, mas é preciso haver uma programação do orçamento para este dinheiro não faça falta depois. Início de ano é marcado por uma série de gastos como matrícula de escola, IPTU e IPVA, segundo o educador Domingos.
Ariadne costuma fazer uma poupança ao longo do ano destinada ao gasto do material de escolar. Poupa pelo menos um pouco todo mês. “Se eu não faço assim, desde o começo do ano, não consigo pagar à vista e preciso usar o cartão de crédito e perder os descontos.”
- Igor Marchetti, advogado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec);
- Ariadne Rolim, de 37 anos, blogueira, bacharel em direito, mãe de três filhos, dois em idade escolar;
- Reinaldo Domingos, educador financeiro do canal “Dinheiro à vista”.
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