Em uma possível corrida presidencial sem Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quatro candidatos disputariam uma vaga no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PSC), de acordo com a primeira pesquisa do Datafolha após a condenação do petista em segunda instância.
Levantamento realizado na segunda (29) e na terça (30) mostra que, caso o ex-presidente seja barrado pela Lei da Ficha Limpa, seus votos ficariam pulverizados entre diversos nomes e a briga pelo segundo lugar seria acirrada.
Bolsonaro lidera o principal cenário sem a presença de Lula, com 18% das intenções de voto. Ele aparece à frente de Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Luciano Huck (sem partido).
Marina lidera o segundo pelotão, com 13%. Ciro (10%), Alckmin (8%) e Huck (8%) estão tecnicamente empatados.
O Datafolha fez 2.826 entrevistas em 174 municípios. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.
Apesar de aparecer como primeiro colocado nessa situação, Bolsonaro parou de crescer. Ele oscilou negativamente em todos os quadros apresentados na pesquisa, em comparação com o levantamento de novembro.
No início de janeiro, reportagens da Folha de S.Paulo revelaram que o patrimônio de Bolsonaro e de sua família se multiplicou depois que ele entrou na política, e que o deputado recebe auxílio-moradia da Câmara apesar de ser dono de apartamento em Brasília.
No segundo turno, Bolsonaro seria derrotado tanto pelo ex-presidente Lula (49% a 32%) quanto pela ex-senadora Marina Silva (42% a 32%).
Lula conserva força eleitoral mesmo condenado a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).
O petista lidera o primeiro turno em todos os cenários em que seu nome é apresentado, com apoio de 34% a 37% do eleitorado. No segundo turno, venceria Alckmin e Marina, além de Bolsonaro.
Com a condenação, Lula pode ser declarado inelegível com base na Lei da Ficha Limpa, mas pode recorrer a tribunais superiores ou esperar uma decisão do TSE sobre sua candidatura, o que só deve ocorrer em setembro.
Caso o PT precise substituir Lula na urna eletrônica, o levantamento do Datafolha mostra que o potencial do petista de transferir votos para um apadrinhado pode ter ficado abalado.
O percentual de eleitores que dizem que não votariam em um candidato apoiado pelo ex-presidente subiu de 48%, em novembro, para 53%. Outros 27% dizem que o apoio de Lula influenciaria a escolha "com certeza", e 17% afirmam que "talvez" votassem no nome indicado por ele.
A saída de Lula da disputa impulsiona principalmente Marina Silva e Ciro Gomes. Ao comparar cenários com e sem a participação do ex-presidente, Marina passa de 8% para 13%, enquanto Ciro cresce de 6% para 10%.
PATINANDO: Outros candidatos também crescem quando Lula está fora do páreo, mas de forma mais tímida: tanto Geraldo Alckmin quanto Luciano Huck sobem de 6% para 8%.
No cenário sem Lula, um dos possíveis candidatos do PT, o ex-governador baiano Jaques Wagner, aparece com 2%. O percentual de eleitores que diz não saber em quem votar ou que votaria em branco ou nulo sobe de 16% para 28% quando o ex-presidente não é um dos candidatos.
O apresentador da Rede Globo reaparece na pesquisa numericamente empatado com o governador paulista. Huck afirmou, em artigo publicado em novembro na Folha de S.Paulo, que não será candidato, mas dirigentes partidários ainda acreditam que ele pode disputar a Presidência.
Favorito para se candidatar ao Planalto pelo PSDB, Alckmin patina em todos os cenários apresentados pelo Datafolha. O tucano tem de 6% a 11% das intenções de voto.
A dificuldade de Alckmin em subir nas pesquisas provocou questionamentos dentro de seu próprio partido sobre a viabilidade de sua candidatura.
Potencial adversário interno, o prefeito paulistano João Doria aparece com até 5%.
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