Mal se recuperou do baque de saber que o filho Daniel nasceu com microcefalia, e a auxiliar de padeiro Jaqueline Vieira, 25, sofreu outro revés: o marido a abandonou. "Depois que meu filho nasceu com 29,5 cm [de perímetro cefálico], o pai nos deixou. Só manda dinheiro, mas não quer saber muito dele. Estou profundamente triste", diz.
Ela é uma das mães de bebês que nasceram com microcefalia supostamente causada pelo vírus zika que está à espera de atendimento psicológico em Pernambuco. O Estado lidera o ranking de casos suspeitos da má-formação, com 1.306 notificações desde agosto de 2015. Mas tem apenas 40 psicólogos na Secretaria de Saúde, segundo resultado parcial de uma pesquisa do Conselho Regional de Psicologia.
Para a vice-presidente da entidade, Laís Monteiro, a conta não fecha. E preocupa. "É fundamental o atendimento psicológico a essas famílias. Mas temos um déficit preocupante desses profissionais na saúde pública." A necessidade do atendimento é reforçada pela assistente social Camilla Cabral, da Fundação Altino Ventura, entidade que prestará apoio psicológico às famílias.
"[As mães] Chegam um pouco frustradas e com medo. Muitas entram em depressão. Teve até um caso de uma mãe que não queria nem sequer amamentar", conta.
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