Em Passira: Produção de milho verde cai 30% por conta da estiagem
Agricultor Severino Manoel de Melo diz que só conseguirá trinta sacos de espigas: 'Era para dar 300'. (Foto: Paula Cavalcante/ G1)
A produção do milho verde caiu 30% em Passira, no Agreste de Pernambuco. No município, havia 400 hectares de cultivo irrigado do grão. De acordo com o agente de extensão Fabrício Bezerra, do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), os poços artesianos - de onde a água é tirada para irrigação - secaram e, por conta da escassez de chuvas, não foram reabastecidos. Já os poços que ainda têm água estão com a quantidade abaixo da capacidade.
O agricultor Severino Manoel de Melo, de 53 anos, é um dos que não conseguiram produzir para o período junino. Ele tem um terreno de cinco hectares e a estiagem fez com que a área de plantio fosse reduzida para um hectare. Isso porque apesar de ter 30 poços artesianos para irrigar os cultivos, apenas 15 têm água. Estes, por sua vez, estão com 30% da capacidade.
Agricultor mostra com a palma da mão qual o tamanho mínimo para o milho verde ter 'valor de mercado'. (Foto: Paula Cavalcante/ G1)
Severino plantava milho três vezes ao ano. Neste, a espiga sequer se desenvolveu. Com a situação, ele preferiu utilizar a água que restava nos poços para investir nas platanções de pimentão e mandioca. "A gente fica triste, né? Porque a gente trabalha pensando que vai conseguir uma coisa e com o resultado não dá lucro. Era para dar 300 mãos de milho [cada mão equivale a 50 espigas]. Só vou arrumar 30. Cada uma por R$ 20, daria R$ 6 mil. Com o dinheiro, eu comprava dois bezerrinhos e colocava para comer essa palha aqui. Já que não deu, eu peguei a palha e vendi por R$ 300", lamenta.
Fabrício Bezerra, agente de extensão do IPA
(Foto: Paula Cavalcante/ G1)
(Foto: Paula Cavalcante/ G1)
O agente de extensão Fabrício Bezerra informou que até maio de 2014 foram registrados 330,6 mm de chuva em Passira. Até maio de 2015, foram 206,5 mm. Ele aponta que para o agricultor lidar com a escassez no município é preciso avaliar qual cultivo dará mais resultado. "Esta área aqui era referência de produção de milho para o período junino. Com o problema, a saída é reduzir a área [de irrigação]. Senão reduzir, deixa de produzir geral. É necessário priorizar as culturas para que elas se tornem mais lucrativas".
Hilton César reduziu área de cultivo de sete para três mil hectares, mas não conseguiu evitar o prejuízo. (Foto: Paula Cavalcante/ G1)
Já o agricultor Hilton César Ferreira do Nascimento, de 35 anos, cultiva - junto com o pai - apenas este tipo de grão. Em épocas chuvosas, ele consegueria produzir 140 mil espigas. Mesmo tendo reduzido a área de cultivo de sete mil para três mil hectares, não conseguiu evitar o prejuízo neste período. "Plantou tudo, mas perdeu tudo. O que conseguimos colher foi mais ou menos umas 30 mãos de milho. O resto perdeu tudinho porque o poço só deu para aguar esse pouco. A esperança é que chova para ter mais água no poço, pois agora para o São João não tem nada", desabafa.
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