Artesãos do Alto do Moura preparam peças para expor na Fenearte, em PE
Eles são responsáveis por levar a arte do barro para a 16ª edição da feira.
Evento começa na quinta-feira (2) e segue até 12 de julho, no Recife.
Cerca de 50 artesãos do Alto do Moura, em Caruaru, Agreste de Pernambuco, ficarão responsáveis por levar a arte do barro e do Mestre Vitalino para 16ª edição da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte). A exibição começa na quinta-feira (2) no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, e segue até 12 de julho com mais de 5 mil expositores de todo o mundo.
Reconhecido mundialmente, Mestre Luiz Antônio, 80 anos, dá vida ao pálido barro há 57 anos. Ele irá expor 300 peças, entre família de retirantes, trio pé de serra, tocador de pífano e camponês, no salão destinado aos mestres. "Trabalho muito. Fico horas em pé e atendendo as pessoas, mas me divirto muito também porque não pagamos nada e ainda mostramos nossa arte", diz apontando para uma foto com os colegas.
O mestre relembra a visita que fez a Tóquio, no Japão, em 1986. Ele explica a importância de cada artesão construir a própria arte. "Depois dessa viagem, fiquei com a responsabilidade de criar o meu estilo com a minha identidade. Fui convidado, assim como uma baiana que fez acarajé, um gaúcho que levou o mate e Luiz Antônio mostrando a cultura do Mestre Vitalino. É relevante que os expositores saiam do comum e levem sempre algo diferente para a Fenearte".
Com peças que variam de R$20 a R$ 1.000, a aposta está na obra "Procissão de Iemanjá". Ela está concorrendo ao prêmio da Fenearte. "Caso ganhe, é um dinheirinho que entra", fala com sorriso no rosto. Já a preocupação do artista está voltada para uma possível escassez da matéria prima. "De Gravatá para cá quase não tem mais barro. Se acabar o barro, acaba nossa cultura. Temos que viver com o dom que Deus nos deu. Como vou viver sem o barro?", numa retórica.
Dos dez filhos de Mestre Luiz Antônio, cinco seguiram a profissão do pai. Um deles é Leonaldo Nascimento, de 52 anos. Ele relata que 90% das peças já foram embaladas. "Estou levando umas 2.500 obras. Estamos trabalhando desde janeiro para gantir o estoque e não faltar durante a Feira".
Um dos carros chefes de Leonaldo é o casal Lampião e Maria Bonita, a Santa Ceia e as bonecas africanas, mas menciona que vai expor também os trabalhos dos filhos. "Minha filha de 17 anos faz as miniaturas e o meu filho, que é seminarista, molda esses burrinhos. No caso do meu filho, ele pega esse dinheiro e compra livros ou as coisinhas que precisa para se manter no seminário. O barro já chegou na terceira geração", narra com orgulho.
Mesmo com a crise econômica, os artesãos ainda julgam viável exibir as artes na Fenearte. Com um estande comprado no valor de R$ 2 mil, Leonaldo acredita que o investimento é grande, mas o retorno financeiro ainda vale a pena. "O Recife é o lugar que mais valoriza a nossa cultura. Mesmo com os problemas que o nosso país está passando, a expectativa é alta".
Do: G1
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